19 abril 2012

"Vozes de burro não chegam ao céu"

Eu no meu dia-a-dia tenho tido muitas vozes de burro, ultimamente.
Ora então, vamos lá ver...
Se falto um dia ao trabalho porque estou mal da barriga, ou das costas ou do que seja e, no dia seguinte volto ao trabalho com um sorriso na cara e bem disposta, há sempre vozes de burro a dizer "Deves ter estado muito doente ontem, ui ui, mesmo muito doentinha, deves deves!"
Se as vozes de burro dizem que tenho um determinado comportamento com umas pessoas e outro comportamento com outras, acham sempre que têm toda a razão e mesmo que outros digam o contrário, as vozes de burro, vão sempre tentar convencer os outros de que estão errados.
As vozes de burro dizem "Qualquer mulher se deslumbra com ouro e umas pedras preciosas... Qualquer mulher gosta de esbanjar o dinheiro que os gajos andaram a juntar... Qualquer mulher se enche de tintas e pós... Qualquer mulher, num carro desportivo, serve de decoração... Qualquer mulher é aceitável até aos 55kgs", obviamente que uma pessoa não tem que aceitar e concordar com tudo isto só porque sim.
Eu não me deslumbro, muito menos com coisas fúteis. Eu não esbanjo dinheiro, porque nem sequer o tenho para juntar. Eu não me encho de tintas e pós, nem sequer raramente. Eu tenho um carro desportivo e sou eu que o conduzo e que gosto de fazer aquilo que, supostamente, são os gajos que fazem. Eu tenho mais de 55kgs e não é por causa disso que deixo de ser uma mulher aceitável.

As vozes de burro, lá porque passam os dias a queixar-se quando supostamente estão doentes, eu não posso ter uma boa cara e não passar o dia a queixar-me. Vou dar um exemplo do que normalmente tenho que aturar quando alguma das vozes de burro está doente:
Alguém: "Então, estás melhor?"
Vozes de burro: "Não. Tive 38.3 de febre durante a noite, tenho a garganta muito arranhada, acordei às 3h47 cheia de tosse, dói-me a cabeça como nunca, estou à rasca da virilha desde as 10h48, também me dói um bocado a unha do dedo mindinho do pé esquerdo, quando faço um movimento brusco dói-me aqui o ombro, ontem às 19h34 peguei em alguma coisa pesada e então dói-me as costas ali na zona lombar e estou um bocado coxa porque pronto, estou muito mal."

Também gosto das vozes de burro que passam a vida a queixar-se que têm uma vida muito complicada, quando no fundo não lhes falta nada de nada para serem felizes. Exemplo fútil:
Vozes de burro: "Epah, não sei para onde vou nas minhas férias... Tenho uma casa em cada canto do país... Mas não me apetece ir para um lado porque está de chuva e para ficar fechada em casa, fico cá. Aquele convite não me agrada muito, estar com aquelas pessoas... Sempre posso ir para a outra ponta do país, mas... Opah, que vida complicada! Já estou mesmo a ver que vão ser umas férias da treta."

Cada vez mais tenho a certeza que certas pessoas com as quais sou 'obrigada' a conviver diariamente, seja no trabalho ou fora dele, são vozes de burro... A sorte, é que não chegam ao céu!

Se eu também podia passar o tempo a queixar-me? Podia... Talvez não me faltem motivos, pelo menos comparando com as vozes de burro, mas não o faço.
Prefiro ter uma voz que chegue ao céu quando é preciso, do que ter voz de burro!



Nota: Os acontecimentos aqui apresentados são totalmente produto da imaginação da autora e, portanto, qualquer semelhança com factos reais é pura coincidência.

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